Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, mostrou como um novo aparelho de ultrassom pode se tornar um potencial aliado para o tratamento da dor crônica.
Os resultados do estudo foram publicados no periódico Pain, da Associação Internacional para o Estudo da Dor, no final do mês passado.
Batizado de Diadem, o dispositivo biomédico atua por meio da neuromodulação, uma técnica que tem como objetivo regular a atividade cerebral. No caso do Diadem, o foco das ondas de ultrassom se dirige para o córtex cingulado anterior (CCA), região responsável pela regulação da dor, entre outras funções.
O diferencial da terapia com o Diadem está justamente na possibilidade de se alcançar o CCA, diferente do que acontece com outras técnicas de neuromodulação.
Soma-se também o fato do aparelho se mostrar como um método não invasivo para o tratamento da dor crônica. A cingulotomia, por exemplo, até consegue atuar no CCA, mas o método necessita de cirurgia cerebral com cortes e perfurações para sua realização.
Para a realização do estudo, randomizado e controlado por placebo, foram recrutados dois grupos de 20 pacientes entre 18 e 65 anos e que apresentavam dor, entre moderada e severa, há pelo menos três meses. Os pacientes foram divididos entre os que receberam os estímulos direcionados de ultrassom e aqueles que receberam placebos. Os grupos foram submetidos a duas sessões de 40 minutos.
Entre os escolhidos, prevaleceu a participação de mulheres, com idade média de 46,6 anos. Os participantes também apresentavam diferentes tipos doenças e condições que levam à dor crônica, como fibromialgia, síndrome da dor miofascial, síndrome de dor generalizada, enxaquecas, dor nas costas, artrite, dor no ombro, dor no pé, dor nas articulações, endometriose, síndrome de Guillain-Barré, doença de Crohn, dor pós-câncer, entre outras.
Os resultados do estudo mostraram que 60% do grupo que recebeu os estímulos relatou uma redução significativa dos sintomas. A dor apresentada pelos pacientes foi monitorada ao longo de uma semana. Alguns pacientes já notaram alívio no primeiro dia pós terapia ativa com o Diadem; outros, no sétimo dia. O grupo placebo, por outro lado, mostrou uma melhora em 14,4% dos participantes.
O estudo deve seguir para a Fase 3 do ensaio clínico, essencial para a aprovação do Food and Drug Administration (FDA) e posterior uso do aparelho no público geral. Por enquanto, os efeitos colaterais observados foram dor de cabeça, boca seca, tontura e redução do apetite. Entretanto, esses efeitos se mostraram leves e rapidamente revertidos, sem grandes complicações.
Os pesquisadores que comandam o estudo com Diadem se mostraram bastante surpresos e animados com os resultados. “São intrigantes e abrem portas para a aplicação de tratamentos não invasivos a muitos pacientes que são resistentes aos tratamentos atuais”, diz o professor Jan Kubanek, membro do Departamento de Engenharia Biomédica da Universidade de Utah e quem lidera as pesquisas com o Diadem, em comunicado à imprensa.
Dados sobre a dor crônica
A dor crônica é considerada toda dor que persiste por mais de três meses. A fibromialgia, doença caracterizada pela dor generalizada da musculatura, é uma das principais causas da dor crônica.
Segundo dados do Ministério da Saúde, trata-se de uma condição que acomete 36,9% dos brasileiros com mais de 50 anos, sendo mais frequente em mulheres, pessoas de baixa renda, com artrite, dor nas costas/coluna, sintomas depressivos e com histórico de quedas e hospitalizações.
Trata-se de um quadro de saúde considerado preocupante por, em muitos casos, incapacitar o paciente de realizar atividades cotidianas, além de estar relacionada com o desenvolvimento de depressão, transtornos de ansiedade e até mesmo o suicídio. Muitos usam opioides, como a morfina e a oxicodona, para aliviar os níveis de dor.
Pilates ou musculação para idosos? Especialistas analisam melhor opção