Uma ferramenta robótica de última geração permite aos médicos detectar câncer de pulmão ainda nos estágios iniciais da doença. O Hospital Wythenshawe, no Reino Unido, é um dos primeiros a utilizar a tecnologia que poderá reduzir em meses a espera pelo diagnóstico e pelo tratamento do tumor.
Chamado “Sistema Endoluminal Iônico” — ou sistema Ion –, a ferramenta funciona como um cateter robótico fino capaz de alcançar os lugares mais difíceis no órgão para fazer biópsia de forma rápida e precisa.
A tecnologia foi desenvolvida com base no trabalho pioneiro de Wythenshawe no programa Greater Manchester Lung Health Check, em que centros de triagem diagnosticaram mais de 600 cânceres de pulmão, a maioria em estágios iniciais e curáveis. O novo sistema robótico foi utilizado recentemente nos primeiros pacientes com suspeita de câncer de pulmão.
Para Haval Balata, médico pneumologista e líder clínico do sistema Ion do Manchester University NHS Foundation Trust, o novo robô transforma a maneira como os pacientes com câncer de pulmão são tratados, pois eles poderiam começar o tratamento ou receber alta meses antes do que acontece atualmente.
“Ter essa nova tecnologia inovadora disponível para nossos pacientes acessarem é uma mudança radical. À medida que continuamos a expandir com sucesso nosso programa Lung Health Check, estamos diagnosticando cânceres de pulmão em um estágio muito mais precoce, quando as lesões são muito pequenas e difíceis de biopsiar”, afirma, em comunicado.
Atualmente, o diagnóstico de câncer de pulmão é feito por meio de exames clínicos, laboratoriais, endoscópicos ou radiológicos de pessoas com sinais e sintomas suspeitos da doença. O raio-X e a tomografia do tórax são exames feitos inicialmente para avaliar a presença de nódulo ou massa pulmonar. Uma vez confirmada a suspeita, exames complementares como PET-SCAN e ressonância são solicitados para avaliar a extensão da doença.
A biópsia do pulmão guiada por exames de imagem é, na maioria das vezes, utilizada para confirmar as lesões patológicas. No entanto, pequenos nódulos pulmonares podem ser difíceis de serem alcançados pelos métodos tradicionais de biópsia, o que aumenta o tempo de espera pela confirmação do diagnóstico, já que é necessário que os nódulos cresçam mais para serem testados.
“O Ion nos permite coletar amostras dessas lesões com segurança e precisão e fornecer aos pacientes as respostas muito necessárias que eles buscam. Isso, por sua vez, nos permite oferecer aos pacientes os melhores tratamentos possíveis mais cedo do que tarde, quando o tratamento tem muito mais probabilidade de ser bem-sucedido”, esclarece Balata.
O diagnóstico precoce de câncer de pulmão aumenta em 20 vezes a probabilidade de sobrevivência do tumor em cinco anos, em comparação com aqueles diagnosticados em estágio já avançado.
“Nossas equipes de triagem de câncer de pulmão lideraram o caminho no desenvolvimento de novas maneiras de identificar pacientes com câncer o mais cedo possível, o que já está melhorando os resultados para os pacientes e sua qualidade de vida. A introdução recente do Ion nos ajudará a progredir ainda mais nessa área”, declara Mark Cubbon, diretor-executivo da Manchester University NHS Foundation Trust.
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