O possível aumento dos juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) pode prejudicar pequenos negócios, limitar investimentos e enfraquecer o crescimento econômico, de acordo com especialistas ouvidos pela CNN.
“Empresas de pequeno porte que pretendem captar para investir ou para manter capital de giro serão prejudicadas. Ainda mais aquelas que já tem dívida alta, que não conseguirão renegociar taxas mais baixas”, diz André Aroldo Freitas de Moura, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV).
A Selic se encontra em 10,5% ao ano, após o Copom do Banco Central (BC) manter os juros inalterados na última decisão de forma unânime. Foi o segundo encontro seguido de congelamento.
Nas últimas semanas, falas de autoridades do BC levaram parte do mercado a enxergar nova alta de juros já no encontro do colegiado agendado para setembro. Em algumas análises, o ciclo de alta pode levar os juros para 12% até o fim deste ano.
Para Moura, “no agregado, os juros mais altos vão limitar os investimentos e crescimento do país” caso haja um movimento para cima.
A Selic está em dois dígitos desde dezembro de 2021, quando o BC seguia em um ciclo de alta após ter rebaixado a taxa até 2% durante a pandemia do Covid-19.
Presidente do Sebrae, Décio Lima afirmou em nota que uma das consequências de manter a Selic neste patamar é o encarecimento do crédito, atingindo os consumidores e, especialmente, os micro e pequenos negócios.
Com a Selic em 10,5%, a média nacional da taxa de crédito para os microempreendedores individuais é de cerca de 44% — podendo chegar a 51% para os empresários do Nordeste, de acordo com levantamento do Sebrae.
Segundo Hugo Garbe, professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o cenário de possível alta da Selic é um “balde de água fria”, principalmente aos negócios que dependem de crédito para operar e crescer.
“O custo do capital sobe e muitas podem acabar adiando ou até cancelando planos de expansão”, explica.
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